1.     A descoberta da Gravidez- São tantos os cenários possíveis que envolvem uma gravidez...diversos tipos de família, mulheres que desejavam muito engravidar, outras que engravidaram sem querer, sem planejamento, mulheres de todas as idades, de múltiplas condições pessoais, sociais, profissionais. Quando o assunto é gestação temos que ter em mente que diversos sentimentos podem estar envolvidos: felicidade, surpresa, medo, ansiedade e até mesmo frustração, tristeza ou desespero. Montei esse material pensando em ajudar você gestante e apoiá-la e orientá-la nesse processo intenso e inesquecível que envolve a gravidez, o parto e o pós-parto.

 

2.     Importância do Pré-Natal- Os cuidados pré-natais são fundamentais na promoção da saúde e na prevenção e detecção precoce de complicações e doença gestacionais, garantindo desfechos perinatais favoráveis e contribuindo para redução da mortalidade materna e infantil. A Organização Mundial da Saúde cita que a implementação de práticas de pré-natal baseadas em evidências salva vidas, e recomenda no mínimo 8 consultas de pré-natal para redução das taxas de mortalidade perinatal e satisfação da paciente. Textos de interesse: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/250800/WHO-RHR-16.12-por.pdf?sequence=2&isAllowed=y, https://data.unicef.org/topic/maternal-health/antenatal-care/,

Sabemos também que a realização de um pré-natal adequado vai ajuda-la a entender o processo de gravidez, parto e pós-parto, trazendo maior satisfação em relação aos acontecimentos que estão por vir.

 

3.     Fases da Gestação e Exames em cada período:  Conforme a gravidez evolui o corpo da mulher vai se modificando e portanto sinais e sintomas são comuns e naturais nesse processo. O conhecimento de alterações fisiológicas da gravidez contribui para que a gestante reconheça, com o auxílio da equipe de saúde, os desvios da normalidade. Vamos falar um pouco de cada fase da gestação e em cada fase como se dá o desenvolvimento do bebê e o que é esperado a gestante sentir, quais as mudanças mais evidentes e quais os exames de pré-natal esperamos realizar em cada período.

 O tempo de gravidez será calculado pela chamada data da última menstruação (DUM), que é o primeiro dia de menstruação do seu último ciclo menstrual. Através dessa data estimaremos o tempo de gravidez e a data provável do parto. Entretanto, o ultrassom confirmará essa idade gestacional então você pode ficar tranquila caso você não saiba ou não tenha certeza da DUM. O bebê deixa de ser prematuro a partir de 37 semanas, e o tempo médio de gravidez é de 40 semanas ( que é a data estimada do parto).

 

1º trimestre- Os primeiros 3 meses de gestação (Até 14ª semana)

É a fase do período embrionário, que abrange o período da fecundação até a 10ª  semana da gestação quando passamos a chamar o embrião de feto.

Fase de extrema importância pois todos os órgãos e sistemas estão sendo formados, ao final da12ª semana o feto já apresenta tamanho de 6-7 cm, com centros de ossificação formados, os dedos das mão e pés tornam-se diferenciados e já apresentando movimentos espontâneos.

Costuma ser uma fase bastante intensa, pois aqui surgem os primeiros sentimentos diante do diagnóstico da gestação e muitas grávidas apresentam sintomas como azia, náuseas, vômitos, sonolência, fadiga, dor nas mamas, cólicas e aumento da frequência urinária, podendo ser desafiador para a mulher conciliar a vida pessoal e profissional com tantas mudanças e sensações vividas nesse trimestre. Lembrando que algumas mulheres não apresentam sintomas.

Essa é a fase mais importante do pré-natal pois já na primeira consulta o profissional de saúde irá fazer uma análise dos antecedentes, dos fatores de risco e das condições de saúde atual da grávida que requerem intervenções precoces no intuito de prevenção de complicações gestacionais e também no tratamento adequado de condições clínicas nessa fase. O ideal é passar na 1ª consulta antes de 10 semanas de gestação, visto que intervenções após 1º trimestre podem não ter tanta eficácia como prevenção.Aqui a gestante receberá orientações e aconselhamentos quanto à vacinação, nutrição, suplementação vitamínica adequada, exames a serem realizados, bem como planejado seus cuidados ante e perinatais. Serão realizados exames de sangue, urina e ultrassom morfológico de 1º trimestre, de fundamental importância para cálculo de risco de malformações congênitas e de pré-eclâmpsia ( doença hipertensiva da gestação).

 

2º Trimestre (De 14 a 28ª semana)

Ao final da 16ª semana o feto atinge comprimento de 12 cm e peso de 110g, e já se pode identificar o genêro(sexo) pela avaliação da genitália externa pela ultrassonografia. A 20ª semana marca a metade da gravidez. Na 24ª semana o peso fetal já é cerca de 630g, apele é caracteristicamente enrugada e inicia-se a formação de depósitos de gordura. Na 28ª semana o bebê já tem cerca de 25 cm e 1.100g.

 Os sintomas iniciais da gravidez costumam se suavizar nessa fase, e a maioria das gestantes referem bem-estar e sua energia recuperada. A barriga começa a aparecer e a grávida começa a sentir a movimentação do bebê por volta da 20ª semana, o que normalmente trás sensação de segurança em relação ao bem-estar do feto e muita alegria aos futuros pais, que começam a se familiarizar com a presença do novo membro da família em suas vidas.

 Nesse trimestre além dos exames básicos a serem repetidos conforme o caso, será feito o rastreamento da chamada diabetes gestacional, condição que atinge muitas gestantes e que requer diagnóstico e acompanhamento adequado. É nessa fase também que se recomenda a realização do Usg morfológico de 2º trimestre, que avalia em detalhes a formação e desenvolvimento do feto. Em algumas situações, a gestante fará o exame de Ecocardiograma Fetal, análise detalhada do coração fetal, quando houver indicação médica.

 

3º trimestre ( De 28 semanas até o parto)

Ao final da 32ª semana o feto estará com peso em torno de 1.800g e com 28 cm de comprimento. Com 36 semanas,atingirá 2500g, e com 40 semanas pesará algo em cerca de 3.400g.

 Com o crescimento fetal e uterino intensos dessa fase, a grávida volta a passar por um período de muitos sintomas, por vezes bastante desconfortáveis. O peso da barriga pode ser bastante complicado nos momentos de trabalho, podendo a levara dores nas costas, principalmente na região lombar. A dificuldade de encontrar posição para dormir, o inchaço das pernas, as idas frequentes ao banheiro e a ansiedade em relação ao momento do parto que se aproxima são marcantes nesse trimestre, principalmente das últimas semanas de gestação.

 No terceiro trimestre pode ser necessário novo exame de ultrassonografia, para avaliação do crescimento fetal ou outras medidas, conforme o caso. Nesse período também é realizada(entre 35-37s) a pesquisa do estreptococo do grupo B que é uma bactéria que pode estar presente na flora vaginal ou anal da gestante, podendo haver transmissão vertical para o bebê. Nessa fase da gestação também é realizada a profilaxia da anemia hemolítica perinatal para as gestantes que são de tipagem sanguínea com fator RH negativo e tem o parceiro com Rh positivo ou desconhecido.

 

4.     Parto Adequado

 Desenvolvido pela Agência Nacional de SaúdeSuplementar (ANS), o Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e o Institutefor Healthcare Improvement (IHI), o Projeto Parto Adequado tem o apoio doMinistério da Saúde para identificar modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimento, que valorizem o parto normal e reduzam o percentual de cesarianas desnecessárias na saúde suplementar. Como líder do projeto, o hospital é responsável por todos os treinamentos e simulação realística, conscientizando os profissionais da saúde sobre os benefícios do parto vaginal.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),dar à luz um bebê é um ato natural, um processo fisiológico que requer pouca intervenção médica se tudo estiver bem com a mãe e com a criança. Para o bebê, o parto vaginal prepara a transição da vida intrauterina para a vida extrauterina. A passagem pelo canal vaginal, no momento do nascimento, gera uma compressão que ajuda a criança a colocar para fora todo o líquido dos pulmões, o que facilita seu processo respiratório. Além disso, o trabalho de parto significa amadurecimento para o bebê, já que é o sinal natural de termo da gestação, indicando que o momento ideal do nascimento chegou. Para a mãe, recuperação rápida e aleitamento estabelecido mais facilmente, em razão do favorecimento à produção do leite, além de menor tempo de internação hospitalar, menor chance de complicações cirúrgicas e menos uso de medicações.A rapidez do retorno à forma física também é uma vantagem relacionada ao parto normal.

Toda mulher a princípio é capaz de ter o parto normal, a cesárea é que deveria ser exceção. Converse com o seu obstetra!

 

5.     Amamentação

 Durante os primeiros 6 meses de vida, a maioria dos bebês não precisam de nenhum outro alimento ou líquido além do leite materno. Em condições habituais, ele contém anticorpos, nutrientes e calorias que o bebê necessita para ficar saciado e crescer adequadamente.Entretanto, a amamentação exclusiva muitas vezes não é possível, como em casos de baixa produção materna ou bebê prematuros ou com baixo peso, havendo necessidade de introdução do leite complementar. Essa é uma indicação que deve ser feita pelo profissional de saúde, que deve tranquilizar a mãe e fazer as orientações adequadas à família.

De qualquer forma, a amamentação (sendo ela exclusiva ou não) é de extrema importância para a mãe e bebê. O aleitamento materno contribui para o fortalecimento e desenvolvimento oral, físico e emocional do bebê, além de ser fundamental para o estabelecimento do vínculo entre mãe e bebê. A família participa também do processo de aleitamento pois para amamentar a mãe precisa de estímulo e apoio, pois o processo pode ser cansativo e desafiador principalmente nos primeiros meses. Portanto a amamentação também contribui para a unificação e fortalecimento dos vínculos familiares.

A amamentação deve ser estimulada por todos os profissionais de saúde. Se você está se sentindo desencorajada ou desestimulada por alguém, converse, argumente, questione, e se precisar mude de profissional. Informação correta, seguimento médico adequado e apoio emocional são fundamentais para o sucesso da amamentação , com o bem estar materno e do bebê em primeiro lugar!!